A guerra e ocupação do Iraque pelos EUA, que já dura há sete anos, é ditada por várias importantes forças políticas e serve uma série de interesses imperialistas. Mas esses interesses não explicam, só por si, a profundidade e o âmbito da maciça e prolongada destruição, que continua, de toda uma sociedade e a sua redução a um permanente estado de guerra. A gama de forças políticas que contribuiu para o desencadear da guerra e a subsequente ocupação americana, incluem as seguintes (por ordem de importância):
A força política mais importante foi também a última a ser discutida abertamente. A Zionist Power Configuration (ZPC), que inclui o proeminente papel de apoiantes radicais incondicionais de longa data do Estado de Israel, nomeados para altos cargos no Pentágono de Bush (Douglas Feith e Paul Wolfowitz), operacionais chave no Gabinete do Vice-Presidente (Irving (Scooter) Libby), no Departamento do Tesouro (Stuart Levey), no Conselho Nacional de Segurança (Elliot Abrams) e uma falange de consultores, redactores de discursos presidenciais (David Frum), funcionários secundários e conselheiros políticos no Departamento de Estado. Estes empenhados sionistas, inseridos na administração, eram apoiados por milhares de funcionários a tempo inteiro da Israel-First nas 51 principais organizações judaicas americanas, que formam a President of the Major American Jewish Organizations (PMAJO). Declaravam abertamente que a sua principal prioridade era implementar a agenda de Israel que, neste caso, era uma guerra dos EUA contra o Iraque para derrubar Saddam Hussein, ocupar o país, dividir fisicamente o Iraque, destruir as suas capacidades militares e industriais e impor um regime fantoche favorável a Israel e aos EUA. Se se fizesse uma limpeza étnica no Iraque e este fosse dividido, conforme defendia o primeiro-ministro israelense Benyamin Netanyahu, de extrema direita, e o militarista-sionista e "liberal" Leslie Gelb, Presidente Emérito do Conselho de Relações Externas, passaria a haver vários 'regimes clientes'.
Inicialmente, os políticos de topo pró-Israel que promoveram a guerra não avançaram directamente com a política de destruir sistematicamente o que, na verdade, era toda a civilização iraquiana. Mas o seu apoio e objectivo de uma política de ocupação incluíam o total desmembramento do aparelho de estado iraquiano e o recrutamento de conselheiros israelenses para lhes proporcionar a sua 'perícia' em técnicas de interrogatório, repressão da resistência civil e contra-insurreição. Obviamente, a experiência israelense, que Israel adquiriu na Palestina, contribuiu para fomentar a luta religiosa e étnica entre os iraquianos. O 'modelo' israelense de guerra colonial e ocupação – a invasão do Líbano em 1982 – e a prática de 'destruição total' utilizando a divisão sectária, étnico-religiosa, foi evidente nos conhecidos massacres nos campos de refugiados Sabra e Shatila em Beirute, que se efectuaram sob a supervisão militar israelense.
O principal motivo do conflito entre Iraque e Estados Unidos (Guerra do Golfo) foi a invasão iraquiana do Kuwait (região do Golfo Pérsico). O líder e ditador iraquiano Saddam Hussein justificava a invasão solicitando direitos pelos portos de Bubián e Uarba, que abririam novos acessos ao Golfo Pérsico. Outra reivindicação iraquiana foi o perdão da dívida de 2 bilhões de dólares contraída pelo Iraque no período da guerra do Irã (1980-1988).
O estopim para a invasão do Kuwait pelo Iraque foi a acusação realizada por Hussein de que o Kuwait estava prejudicando o mercado petrolífero iraquiano, vendendo mais barris do que a cota permitida pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Após as divergências em relação ao mercado petrolífero, o Iraque anexou o Kuwait ao seu território.
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